Como a Inteligência Artificial está desafiando (e transformando) a identidade das organizações

Uma reflexão sobre os impactos profundos da IA na cultura, no propósito e na singularidade das organizações.

A identidade de uma organização é moldada por diversos elementos fundamentais como sua visão, seus valores, seu propósito e suas competências essenciais. Com o avanço da inteligência artificial, todos esses pilares estão sendo impactados de forma profunda e, muitas vezes, silenciosa.

O impacto mais visível talvez esteja na dimensão dos valores. Muitas empresas valorizam a empatia, o interesse genuíno pelas pessoas, a aprendizagem contínua e o compartilhamento de informações. No entanto, vivemos um momento em que parte significativa desse aprendizado humano está sendo substituído pela IA. Profissionais em início de carreira, por exemplo, não precisam mais recorrer aos mais experientes para tirar dúvidas técnicas. Clientes internos não precisam mais buscar informações com áreas como RH ou TI, basta perguntar à IA, que responde com agilidade, precisão e, em muitos casos, com personalização.

Na dimensão da visão organizacional, já vemos mudanças concretas. Aqui na ADIGO, por exemplo, temos incorporado a inteligência artificial como uma voz ativa nas discussões estratégicas. Ela contribui com análises, aponta tendências e oferece novos pontos de vista.

A IA já deixou de ser apenas uma ferramenta e passou a participar das decisões que moldam o futuro das organizações.

O propósito talvez seja o ponto mais sensível, e o que exige maior atenção. Muitas empresas já enfrentam dificuldades em conectar suas pessoas ao propósito institucional. Com a entrada da IA nas operações e nas interações com colaboradores e clientes, esse desafio tende a crescer.

Embora seja possível treinar algoritmos para refletirem os valores e princípios da organização, ainda será necessário — por um bom tempo — um acompanhamento atento, para garantir que a essência institucional não se perca nas interações mediadas por tecnologia.

No campo das competências organizacionais, o cenário também se torna desafiador. A maioria das competências técnicas pode ser facilmente replicada por outras empresas com o uso da IA. No entanto, as competências essenciais — aquelas que nascem da conexão genuína entre pessoas, cultura e processos — são únicas e difíceis de copiar. O problema é que muitas organizações ainda não têm clareza sobre quais são essas competências, como desenvolvê-las e, principalmente, como protegê-las. Nesse contexto, o risco de perder sua singularidade para uma IA treinada por um concorrente é real, e pode ser fatal.

A identidade organizacional, portanto, está sendo ressignificada. Cabe a cada empresa decidir se será protagonista dessa transformação ou se deixará que a tecnologia, sozinha, escreva o próximo capítulo da sua história.

Jaime Moggi
Sócio da Adigo, consultor, coach e mentor com mais de 30 anos de experiência em desenvolvimento humano e organizacional. Atua na formação de lideranças e na facilitação de processos de transformação em empresas familiares e grandes corporações.

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