Ato 1. A cena
Era uma segunda-feira qualquer. Time de liderança reunido. O plano era revisar a estratégia. Mas algo na sala estava… estranho. Olhares baixos, câmeras fechadas,
respostas automáticas. A pauta andava, mas ninguém andava com ela.
Parei a apresentação e perguntei:
— Alguém aí sente que não tem mais energia pra nada disso?
Silêncio. Depois, um sorriso amarelo. Depois, um desabafo. A reunião virou outra coisa. Virou o que ela precisava ser.
Ato 2. A constatação
Chamei isso de fadiga organizacional. Não era burnout individual. Era algo mais difuso — e mais perigoso. Quando a empresa como um todo parece cansada de ser empresa.
Quando:
- o discurso continua, mas não convence mais;
- os valores ainda estão nos slides, mas não nas conversas;
- o que antes movia agora só mantém.
Ato 3. O que está por trás
Não foi a primeira vez que vi isso. E duvido que seja a última. É o acúmulo de decisões sem escuta, de mudanças sem digestão, de metas sem sentido. Tem a ver com o que a neurociência chama de overdose de esforço social e com o que os sistemas chamam de colapso organizacional silencioso.
É como se a empresa, em algum ponto, tivesse se descolado da sua própria energia vital.
Ato 4. E o que fazer com isso?
Fadiga organizacional não se resolve com happy hour. Também não se resolve com fórmulas de engajamento recicladas. O que aprendi acompanhando times em momentos assim:
- Escute antes de motivar.
- Reduza o ruído antes de aumentar o ritmo.
- Reaprofunde o sentido do que se está fazendo juntos.
- Em muitos casos, reforce e deixe claro a direção para colocar em movimento.
Cultura organizacional, quando viva, regenera. Mas precisa de espaço real para isso e tempo também.
Ato 5. Se eu pudesse resumir…
Fadiga organizacional é o sintoma.
A causa, geralmente, é um excesso de ação sem assimilação. Ou, em bom português: fazer demais, pensar de menos, sentir quase nada.O antídoto não está na velocidade. Está na presença.
E você, já sentiu isso na sua organização?
Se quiser conversar mais sobre isso, meu inbox está sempre aberto.
Marcello Cavallieri
Sócio e consultor da ADIGO. Há mais de 20 anos ajuda organizações a atravessar fases decisivas com escuta ativa, clareza de contexto e construção conjunta. Seu trabalho conecta cultura, estratégia e liderança como partes de um mesmo sistema vivo, para que as mudanças realmente aconteçam.
Envie um e-mail para Marcello Cavallieri Gomes.