Porque a sustentabilidade pode ter raízes mais fortes nas famílias empresárias

Quando legado e visão de futuro se encontram, sustentabilidade deixa de ser tendência e vira identidade.

Sustentabilidade, em seu sentido mais pleno, é, sobretudo, um caminho para a perenização dos negócios. Empresas verdadeiramente sustentáveis se dedicam a integrar os impactos sociais, ambientais e econômicos de forma sistêmica e equilibrada, alinhando propósito e performance. Como destaca o Código das Melhores Práticas de Governança Corporativa, sustentabilidade é o compromisso com o desempenho de longo prazo e com a construção de valor para todas as partes interessadas, promovendo justiça, transparência e responsabilidade social.

As famílias empresárias, por sua própria natureza, estão particularmente bem posicionadas para nutrir a sustentabilidade de forma legítima. A origem familiar do negócio, frequentemente ligada a um fundador empreendedor, imprime na empresa um ethos singular: uma cultura que se apoia em valores como integridade, solidariedade e comprometimento com o bem comum. Esses princípios, quando internalizados na governança, orientam a empresa para além do curto prazo.

Um diferencial importante das empresas familiares é a clareza de identidade. Enquanto companhias abertas, por exemplo, respondem a um número elevado e frequentemente difuso de acionistas, com interesses de curto prazo muitas vezes conflitantes entre si, as famílias empresárias tendem a atuar a partir de um núcleo estável de propósito, história e valores. Essa coesão favorece decisões mais ágeis e alinhadas em contextos de alta incerteza, permitindo navegar por ciclos econômicos e crises com maior resiliência e coesão estratégica.

A visão de longo prazo, característica das famílias empresárias que almejam continuidade, favorece escolhas que não sacrificam o futuro pelo benefício imediato. Trata-se de uma orientação estratégica que busca equilíbrio entre crescimento e desenvolvimento, tanto da empresa quanto das pessoas envolvidas. Quando a família empresária compreende sua função como guardiã de um legado, algo muda: sua governança se transforma em um instrumento de preservação de valor, de adaptação responsável e de contribuição positiva para a sociedade.

A sucessão entre gerações é outro aspecto em que a sustentabilidade se revela mais profunda nas famílias empresárias. O processo sucessório, mais do que uma transição de comando, é uma transferência de legado. Cada geração traz novas sensibilidades e responsabilidades, muitas vezes ampliando o olhar para questões sociais e ambientais que talvez não fossem centrais no passado.

Em suma, a sustentabilidade nas famílias empresárias não é uma adaptação recente, mas a expressão moderna de um princípio ancestral: o cuidado com o que se constrói e se deixa para as próximas gerações. Enraizada em valores, cultivada por relações de confiança e regida por uma visão que transcende o hoje, ela se apresenta como um caminho natural — e necessário — para a longevidade com propósito.

Marcos Thiele - AdigoMarcos Thiele
Consultor em estratégia, cultura organizacional e empresas familiares, sócio da Adigo Consultoria.

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